Às vezes pergunto-me se a maioria dos namoros existem porque de facto as pessoas gostam realmente umas das outras, ou se é uma carência imperativa que as impele para relacionamentos arrastados e fastidiosos, mas que dão alguma segurança e o tal afecto. É óbvio que não posso retirar conclusões objectivas de todos os namoros que vou observando curiosamente. Parte mais da minha presunção reflexiva, do que de provas irrefutáveis ou conclusivas, mas observo um tal desfasamento entre as várias relações que me vão passando à frente dos olhos, que não resisto. Claro que cada simbiose amorosa tem a sua própria maneira de expressar a sua relação e de estar perante os outros muita própria, talvez até de um modo mais tímido, mas como eu tenho a mania que sou um excelente intérprete de sinais, vou continuar a opinar. Vou pegar em extremos para me fazer entender. Ora vejo relações em que as pessoas se dão espectacularmente bem, que só de falar no/a seu companheiro/a os olhos brilham naturalmente, etc etc, ora vejo outros exemplos, em que as pessoas mal dialogam, limitam-se aos beijos, os carinhos parecem frios, o brilho no olhar não existe. Queria dizer uma coisa pelo meio, para elucidar um pouco eventuais pessoas que notem alguma ingenuidade no meu post, eu como nunca amei, e como namorei poucas vezes e com pouca duração, não sou propriamente um "expert" empírico no assunto, daí talvez alguma inocência. Ás vezes fico com a sensação e com a certeza que existem muitos jovens que simplesmente não conseguem viver temporariamente só com os amigos, que um mês ou dois sem namorado/a se torna logo numa agonia profunda e isso pode levar a namoros precipitados e mascarados. Um dia, num programa literário na tv, um sexólogo falava acerca do livro que tinha publicado, que vinha em forma de ficção, mas que continha nela, várias teorias da sua experiência de muitos anos com pacientes. Ele dizia algo do género "uma das razões que eu aponto para uma taxa actual elevada de divórcios, segundo a minha experiência, enquanto sexólogo e conselheiro matrimonial, reside no facto de desde os jovens até aos adultos existir uma conformação na obtenção do amor. Uma boa parte das pessoas, não procura o amor extasiante, profundo e sentido (simbolizado no "amor da vida"). O medo de ficarem sozinhas, temporariamente ou para sempre, precipita-as para relações não tão satisfatórias, que cumprem requisitos mínimos e com alta probabilidade problemática e de fracasso a longo prazo". Pronto, eu inventei um bocado, mas basicamente era isto que ele dizia, isto já aconteceu há uns 5 anos. Eu de certa forma concordo com isto, quando vou observando os tais namoros. Não digo que aconteça isto em todos, nem na maioria, mas acontece em muitos. É claro que é preciso perceber, observar e ser presunçoso como eu o estou a ser, mas também é claro que as pessoas dificilmente admitirão que o namoro é um redondo fracasso e que só estão com a outra pessoa, porque têm um terrível medo de estarem sozinhas, ou de ficarem sem afecto ou sexo e que não conseguem arranjar mais ninguém. As minhas palavras são : lutem sempre pelo melhor possível para vocês próprios, a vida é curta, não digo que seja bela, mas pode ser bela e há que arriscar. o7